domingo, 24 de outubro de 2010

Bom texto


Rios que matam e morrem


Há quem diga que as próximas guerras serão travadas pelo controle da água, cuja disponibilidade vem
diminuindo por culpa do homem.
Os números são alarmantes. Segundo a ONU, há cerca de 1,1 bilhão de pessoas sem acesso adequado à
água, ou 1,8% da população do planeta. Se nada for feito, esse número deve chegar a 3 bilhões em 20
anos. A contaminação das águas é responsável por mais de 10 milhões de mortes por ano causadas por
doenças como cólera e diarreia, principalmente na África. No Haiti, um dos países mais miseráveis do
planeta, muita gente mata a sede com o esgoto que corre a céu aberto. Alguns especialistas chegam a
prever que as próximas guerras serão travadas pelo controle da água em vez do petróleo. Não seria uma
novidade. No Antigo Egito, o controle das enchentes do Nilo serviu de pretexto para a conquista de
civilizações e territórios. Hoje, a maior expressão de luta armada envolvendo a água está no conflito entre
Israel e Palestina, que tem como pano de fundo o estratégico vale do rio Jordão.
Parece incrível que a água seja motivo de tanta disputa. Afinal, a Terra não é chamada de “planeta
água”? De fato, as águas cobrem 77% da superfície do planeta, mas somente 2,5% são de água doce. E
menos de 1% está acessível ao uso pelo homem. Embora a água existente na Terra seja suficiente para
todos, há a dificuldade de distribuição, a população não para de crescer, e a ação humana vem alterando
drasticamente o sistema hídrico. O desmatamento e a impermeabilização do solo nos centros urbanos, por
exemplo, quebram o ciclo natural de reposição da água, secando rios centenários.
A situação é preocupante, mas com algumas mudanças no comportamento de empresários, do governo e
da população, é possível reverter o quadro em pouco mais de uma década. Nas zonas rurais, muitos
produtores aplicam água em excesso ou fora do período de necessidade das plantas. Quanto às indústrias,
bastaria que seguissem a lei: 80% dos resíduos industriais nos países em desenvolvimento são despejados
clandestinamente em rios, lagos e represas.
Já o usuário doméstico, embora represente a menor fatia de consumo, pode, com sua atitude, influenciar
os volumes consumidos pela indústria e pela agropecuária. Para isso, basta que cada um siga algumas
recomendações simples, como varrer a calçada em vez de lavá-la com a água da mangueira, não lavar a
louça ou escovar os dentes com a torneira aberta e não transformar o banho diário em uma atividade de
lazer.
(Karen Gimenez. Superinteressante. O Livro do Futuro. São Paulo: Abril, mar. 2005. Fragmento adaptado)
Fonte: SSA - UPE 2010

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